Depois de expulsarem os Suevos, outro dos povos Bárbaros que tinha invadido o Império Romano, os Visigodos dominavam a Península Ibérica. Foto 1, Foto 2

Quando a paz chegou, ergueram-se aqui os primeiros templos cristãos. Todos na margem esquerda do rio, onde ficava a cidade de Sellium. Foto 3.

Vamos dar um passeio e ver onde se localizavam esses templos...

Onde está a igreja de Santa Maria do Olival ficava um mosteiro de frades, Célio, tio de Iria, era aí abade. A poucos metros, onde está o cemitério, seria a pequena igreja de S. Pedro Fins. Foto 4

Ao lado da igrejinha ficava a casa do poderoso governador, o barão Castinaldo, e de sua esposa, Cássia. Lá também morava o filho, Britaldo um jovem com qualidades que iam da beleza à inteligência, sem esquecer o poder e riqueza. Foto 5, Foto 6, Foto 7

Mais abaixo, junto à ponte Velha, onde está o convento de Santa Iria, ficava o mosteiro feminino, sendo lá que Iria era freira. Foto 8, Foto 9, Foto 10

Conhecidos os cenários, vamos então à história...

Corria o ano de 651 e aproximava-se o 29 de Julho, dedicado a S. Pedro, um dia muito especial.

Só nesse dia as freiras saíam do seu mosteiro, em procissão, para assistirem à missa na igreja de S. Pedro Fins. Era o único dia em que as gentes de Sellium podiam admirar a maravilhosa beleza de Iria. Uma beleza tão maravilhosa como intocável, pois a jovem dedicava-se totalmente a Deus e à vida religiosa. Foto 11

Como o palácio de seu pai ficava mesmo ao lado da igreja, terá sido nesta ocasião que Britaldo viu Iria e se apaixonou por ela. A paixão foi tão imediata como arrasadora, porque aquele amor era alimentado pelo próprio Diabo, conta a lenda.

Depois de tudo fazer para que Iria correspondesse à sua paixão, sem o conseguir, Britaldo ficou gravemente doente. Iria foi visitá-lo. Disse-lhe que o amava sim, mas como a um irmão. Se ele a amasse da mesma maneira, logo lhe passaria aquela grave doença para que nenhum médico encontrava cura.

Depois de a ouvir, Britaldo ficou tomado pelo ciúme e respondeu-lhe:

- Se deres a alguém o amor que me negas, eu ou alguém te matará. Depois disto, Iria voltou em paz ao seu mosteiro e Britaldo melhorou rapidamente.

Mas o Diabo não desistiu e arranjou outra vítima para cair nas suas tentações. Desta vez foi Remígio, o monge que Célio tinha escolhido, pela sua enorme cultura e bons princípios, para ser professor da sobrinha. Foto 12

O monge mudou completamente o seu comportamento respeitador e começou a incomodar a jovem religiosa com as suas propostas de paixão. Quando Iria lhe chamou a atenção para essa mudança, como o seu comportamento não era próprio de um homem que dedicava a vida a Deus, Remígio ficou furioso.

Sentindo-se rejeitado, o frade fingiu arrependimento e deu a beber à sua aluna, como se fosse um chá, uma poção feita de certas ervas. O resultado foi que a barriga de Iria começou a inchar, como se a jovem freira estivesse grávida. Foto 13

Remígio, não satisfeito com o que tinha feito, espalhou a mentira, levando todos a pensar que não seria tão fiel a Deus como se dizia. Pois se estava grávida!...

Britaldo ficou louco de fúria. O filho do poderoso governador mandou chamar Banão, o seu criado. As ordens que lhe deu cumpriam a ameaça que fizera a Iria:

«Se deres a alguém o amor que me negas, eu ou alguém te matará.»

Banão montou vigia perto do rio e apercebeu-se que a jovem, logo ao nascer do dia, saía do claustro para rezar junto à margem. De espada em punho, foi aí que Banão a atacou, no dia 20 de Outubro de 653. Foto 14, Foto 15

Uma última vez lhe propôs deixá-la viver, se prometesse o seu amor a Britaldo. Como sempre, Iria entregou-se a Deus e Banão logo ali a matou, lançando, depois, o seu corpo ao rio. Foto 16, Foto 17, Foto 18, Foto 19, Foto 20, Foto 21

O corpo da virgem assassinada correu Nabão abaixo e foi dar ao rio Zêzere, seguiu daí para o Tejo e foi parar frente a Santarém. Foto 22

Em Sellium, todos pensaram que o súbito desaparecimento de Iria era devido à vergonha que ela sentia pela «gravidez». Só o tio, Célio não fazia julgamentos à pressa, nessa noite, depois das suas orações, foi deitar-se com muita tristeza. Mas o sono trouxe-lhe um sonho.

Na manhã seguinte, Célio fez acordar e reunir todos os religiosos e nobres de Sellium. Durante o seu sonho, tivera a visão de tudo o que se passara e logo os guiou até ao Tejo, frente a Santarém. Lá chegados, conta a lenda que as águas do rio se abriram até ao lugar onde estava o corpo da Santa. Foto 23

Todos os anos, a 20 de Outubro, se realiza a procissão de Santa Iria, na mesma data em que foi morta por Banão nas margens do Nabão.Foto 24, Foto 25.