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As lendas eram contadas pelos mais velhos, junto à ...
 

As lendas nascem de uma mistura de factos históricos com a imaginação e são transmitidas oralmente, de geração em geração, através dos séculos. Depois… já sabemos que «Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto», mas estão lá as pistas para descobrir o passado. Foto 1

Os nomes que aparecem na lenda de Santa Iria, são um bom exemplo dessa descoberta do passado. Por aí, podemos ver como os invasores Visigodos viveram juntos e em paz com os habitantes do antigo Império Romano.

Por que razão podemos pensar assim? Bem, porque os nomes que aparecem na lenda são de duas origens, germânicos ou latinos. Foto 2, Foto 3, Foto 4

Os germânicos, como Castinaldo; Britaldo; Banão ou Remígio, apontam a origem visigótica desses personagens. O Latim, a língua falada pelos romanos, está na origem de nomes como Célio, Cássia, ou Júlia e Casta, as tias de Santa Iria.

Podemos ver que Castinaldo, o poderoso governador visigodo, estava casado com a romana Cássia. O mesmo se passava com os pais de Iria, Hermígio (visigodo) e Eugénia (romana). Por aqui se percebe que habitantes romanizados e visigodos não se combatiam, mas casavam e criavam juntos os seus filhos.

Curiosamente, um único nome não é de origem germânica ou latina. Iria, ou Irene, vem do Grego e quer dizer: Paz. A paz que unia os visigodos e os luso-romanos. Foto 5

Esta dupla raiz grega do nome, Iria ou Irene, fez com que se escrevesse de muitas formas, tais como Eiria; Eria; Erea; Eirena ou Irena. Assim, percebemos melhor como o nome de Santa Iria deu origem ao de Santarém. A cidade tinha o nome de Scalábis no tempo dos Romanos, passou a chamar-se Santirene depois do corpo de Santa Iria, indo do Nabão ao Tejo, ter parado junto à cidade. Foto 6

Esta mudança, de Scalábis para Santirene, deu-se pouco depois do martírio da Santa, pois os árabes, quando invadiram a Península no século VIII, já chamavam Shantarim à cidade.

Outro nome que nos fala do passado distante é o do abade Célio, o tio de Iria. Repara que o nome é muito parecido com o da própria cidade romana e visigótica, Sellium. Foto 7

Banão parece um trocadilho com Nabão, só muda o «b» e o «n». Na verdade, a primeira referência à região do «Nabam» é feita num documento visigótico do século VII. Foto 8.

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