Tomar
 
 
Almourol era um dos castelos que pertencia à Ordem ...
 

Pela importância militar da Ordem de Cristo, Tomar teve um papel de grande relevo na Revolução de 1383-85. A cidade ficou ligada a dois dos momentos mais emocionantes deste período, o cerco de Lisboa e a batalha de Aljubarrota.

De facto, foi em Tomar que se deu o primeiro combate, dos muitos que houve nessa altura, entre portugueses e castelhanos…

O rei de Castela, D. João I, estava casado com D. Beatriz, a única filha de D. Fernando. Agora, como o rei português tinha morrido, queria fazer valer os direitos da esposa, e os seus, ao trono de Portugal.

Quando a rainha Leonor Teles, viúva de D. Fernando e mãe de D. Beatriz, lhe escreveu a pedir ajuda e a contar o que se passara em Lisboa com o Mestre de Avis, o rei de Castela invadiu Portugal. Entra pela Guarda e no dia 9 de Janeiro de 1384, ao cair da tarde, chega a Tomar.

Não se pense que passou aqui por acaso, mas antes com a esperança que os cavaleiros da Ordem de Cristo lhe abrissem as portas do castelo e se juntassem à marcha do seu exército sobre Lisboa, onde estava o Mestre de Avis. Esta esperança do rei de Castela tinha razão de ser, já que o Mestre da Ordem de Cristo, D. Lopo Dias de Sousa, era sobrinho de Leonor Teles.

Se D. Lopo se juntasse aos castelhanos, como fez a maioria do grande clero e nobreza em Portugal, isso significaria a entrega do castelo de Tomar e das muitas fortalezas da Ordem de Cristo. Foto 1, Foto 2

O primeiro historiador português, Fernão Lopes, deixou-nos um relato de todos estes acontecimentos. Foto 3, Foto 4

Na sua Crónica de D. João I, conta-nos que D. Lopo se preparava para ir receber o rei de Castela ao caminho e pôr-se às suas ordens. Foi então aconselhado a não o fazer, a esperar cautelosamente, ver primeiro como corriam os acontecimentos e decidir depois. Lopo Dias de Sousa achou o conselho prudente e retirou-se para o castelo de Pombal.

Quando o rei de Castela chegou, encontrou as portas do castelo fechadas, o que o deixou muito desgostoso. Diz-nos Fernão Lopes:

«Ali pensou El-Rei que viesse pera ele o Mestre de Cristo, sobrinho da rainha D. Leonor. E quando chegou a Tomar e soube que (D. Lopo) se partira daí, houve disto grande queixume, porque cuidou que ficasse por seu; e foi el-rei pousar às pousadas do Mestre, que estão no Rossio». Foto 5

Ficando o rei instalado na pousada, junto ao rio, o seu exército ficou na Várzea Grande. Nessa noite, as tropas castelhanas foram atacadas pelos tomarenses. Conta-nos Fernão Lopes:

«El-rei dormindo em Tomar, foi aquela noite guarda no arrabalde, e foi feita uma escaramuça, em tal guisa que mataram um que havia o nome de Anrique Alemão e uns cinco ou seis com ele.». Foto 6

Foi este o primeiro combate entre as forças portuguesas e castelhanas na crise de 1383-85. À meia-noite, o rei castelhano partiu de Tomar com destino a Santarém, para se encontrar com Leonor Teles. Daí seguiu até Lisboa, onde estava o Mestre de Avis, e manteve a cidade debaixo de cerco durante quatro meses. Foto 7.

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