Em Abril de 1384, o exército castelhano foi derrotado por Nuno Álvares Pereira, na batalha dos Atoleiros, Alentejo.

Antes do confronto, Pedro Álvares Pereira, um dos trinta e um irmãos de Nuno e que estava do lado do inimigo, mandou um mensageiro. Dizia-lhe que dar combate aos castelhanos, com tão pouca gente, era má ideia. Por isso lhe dava a escolher : passava-se para o lado de Castela ou ficava sossegado, sem dar luta. Nuno Álvares respondeu-lhe que não aceitava os seus conselhos e que se preparasse para a batalha.

Foi aqui que D. Nuno usou, pela primeira vez, a táctica do quadrado que voltaria a utilizar em Aljubarrota. A vanguarda do exército português era formada por combatentes a pé, os peões, armados com longas lanças que ergueram para travar a cavalaria inimiga

O cronista Fernão Lopes conta-nos que Nun’Álvares teve receio que os peões se amedrontassem com a carga da cavalaria e fugissem. Para evitar isso, pôs alguns homens de armas entre eles, dizendo-lhes que se vissem algum peão a recuar, logo o matassem.

A cavalaria carregou sobre esta muralha de lanças e o resultado foi desastroso, para os castelhanos. Por cima da nossa primeira linha de peões, os besteiros portugueses disparavam sobre os cavaleiros inimigos, aumentando os estragos. A táctica portuguesa derrotou completamente os castelhanos, que bateram em retirada apressada, apesar do seu número superior.

Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes conta-nos o episódio do comandante do exército castelhano, Fernán de Tovar, que se pôs em fuga, apesar de alguns dos seus cavaleiros tentarem convencê-lo a voltar à batalha. Fernán preferiu ser um cobarde vivo do que um herói morto e respondeu, sempre a fugir:

«Homem morto não recebe soldo.»

O soldo era uma antiga moeda romana, em ouro, que acabou por ser, também, o nome dado ao ordenado dos soldados romanos. Os soldados eram os que prestavam serviços militares em troca de um soldo, o seu pagamento.

O soldo continuou a existir, como moeda, durante muito tempo. Encontramo-lo logo nos primeiros tempos da monarquia portuguesa, embora já não fosse de ouro. O nome desta moeda está na origem da povoação de Cem Soldos, na freguesia da Madalena – Tomar. Foto 1, Foto 2.