Tomar
 
 
Península Ibérica. Ceuta fica na pontinha de África ...
 

A Ínclita Geração é o nome dado pelos historiadores aos 8 filhos do rei D. João I e D Filipa de Lencastre. Esta denominação ficou a dever-se ao valor pessoal destes infantes que, devárias formas, marcaram a História de Portugal e do Mundo.

Naquele tempo não se usava a palavra príncipe nem princesa. Aos filhos dos reis dava-se o nome de infantes e infantas. D. Duarte era o mais velho e foi ele que se tornou rei quando D. João I morreu.

O infante D. Fernando era o mais novo e aqui se conta um pouco da sua história…

A MORTE DE D.DUARTE

Foi triste e abatido que D. Duarte chegou a Évora, naquele Verão quente de 1438.

No ano anterior, os portugueses tinham feito uma tentativa para conquistar Tânger, no norte de África, que acabou num completo desastre. Além da derrota, ficou refém o infante D. Fernando, o irmão mais novo do rei.

Agora, os árabes exigiam a devolução da cidade de Ceuta em troca da sua libertação. O país estava dividido sobre o que fazer e o próprio D. Duarte não sabia que decisão tomar… Foto 1, Foto 2

Perante este terrível dilema, parecia que as coisas não poderiam piorar. Puro engano.

Estando o rei em Évora, a peste espalhou-se pela cidade, causando mortandade entre os habitantes. D. Duarte foge para Avis, acompanhado da rainha, grávida, e dos filhos pequenos. Também aí chegou a praga, pelo que a fuga continuou até Ponte de Sôr. Foi nesta vila alentejana que o rei sentiu os primeiros sinais da doença fatal. A peste tinha ganho a corrida.

Depressa se puseram a caminho de Tomar, onde o rei poderia receber melhores cuidados. Quando D. Duarte aqui chegou, estava já muito mal. Foi instalado no Paço da Ribeira, um palácio junto aos Estaus que ainda estavam em construção. Foto 3

De nada valeram os esforços de Mestre Guedelha e dos outros físicos (médicos), para o salvar. Quando a morte estava próxima, o rei foi levado para o Paço do Infante, no Convento de Cristo. Foi aí, a 9 de Setembro, que faleceu o rei D. Duarte, pouco antes de completar 47 anos. Foto 4

Treze dias durou o horrível sofrimento do rei, causado pela peste. Porém, muitos acharam que a verdadeira causa da morte, tinha sido a tristeza de não conseguir libertar o irmão mais novo.

Os portugueses já estavam preocupados e divididos entre a libertação de D. Fernando ou a entrega de Ceuta. Agora o rei morria, de repente, e o herdeiro do trono era um menino de seis anos. Alguém teria de governar por ele. Alguns temiam que esta situação provocasse lutas pelo poder e o tempo veio a dar razão a esse receio.

À hora da morte do rei, o dia escureceu repentinamente, devido a um eclipse que tapou a luz do sol. Muitos viram nisso um sinal dos tempos sombrios que se adivinhavam. Foto 5

REI MORTO, REI POSTO

Quando D. Duarte faleceu, apenas estavam com ele a rainha e os filhos, além de D. Pedro, o irmão mais velho.

O rei morreu sozinho, sem a presença dos poderosos do reino. Ao cair da noite, o corpo do rei morto foi posto num caixão e seguiu para o Mosteiro da Batalha, acompanhado apenas por religiosos com cruzes e archotes. Foto 6

D. Pedro ficou em Tomar, a preparar a cerimónia de aclamação do seu sobrinho como rei de Portugal.

Na tarde do dia seguinte, já estavam no castelo os principais nobres da corte. Vestiam os fatos mais ricos, mas nas caras via-se tristeza, pela morte do rei, e preocupação, pelo que se seguiria à coroação de um rei-menino. D. Pedro levou o pequeno Afonso, já em trajes reais, até um palco entre o Paço do Infante e a Charola. Foto 7

A cerimónia começou quando o famoso Mestre Guedelha deu sinal de que era chegado o momento certo, depois de ter consultado “as influências e os cursos dos planetas”. Só então o infante D: Pedro se ajoelhou e beijou as mãos do sobrinho, jurando-lhe lealdade e obediência. Mal o infante se levantou, logo o porta-bandeira ergueu o estandarte real e por três vezes gritou:

- Real! Real! Real! Por Afonso V, Rei de Portugal! Foto 8

Cavalgaram então para a vila de baixo, pela calçada de S. Tiago, onde o mesmo grito foi lançado ao cimo da Corredoura. Repetiu-se a cerimónia no Chão de Pombal (actual Rotunda) e no Rossio da Vila (Várzea Grande). Havia novo rei! Foto 9, Foto 10

E o que aconteceu depois?

No seu testamento D. Duarte deixou instruções para que se libertasse D. Fernando, mesmo que fosse preciso entregar Ceuta, mas isso nunca aconteceu. D. Fernando acabou por morrer na prisão, em Marrocos, depois de seis anos de cativeiro.

Pela maneira triste e sofrida como morreu, ficou conhecido pelo cognome de Infante Santo. Foto 11

D. Duarte também ordenara que a rainha D. Leonor governasse o país, enquanto o menino D. Afonso não tivesse a idade para o fazer, mas isso durou pouco tempo. D. Pedro, com apoio popular, acabou por a substituir no governo, até D. Afonso V fazer 16 anos. Logo no ano seguinte, os seus exércitos lutaram em Alfarrobeira e D. Pedro é morto pelos homens do rei.

Só no século XX é que o túmulo de D. Duarte, com a rainha D. Leonor ao seu lado, foi colocado nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha. Foi este rei que começou a sua construção, mas depois nunca foram acabadas. Daí o nome de Capelas Imperfeitas.

D. Manuel tornou-as ainda mais belas, quando mandou acrescentar um pórtico, tão rendilhado que nem parece pedra. A abóbada é que continua tal qual como no século XV, ou seja, de céu em vez de pedra. Foto 12, Foto 13, Foto 360º Foto 14.

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