Tomar
 
 
Por cima da entrada, a grande rosácea que ilumina o ...
 

Depois de entrar na igreja, descendo os 8 degraus, e dar alguns passos no interior do templo, é boa ideia dar meia volta e voltarmo-nos outra vez para a entrada. Este é o melhor local para observarmos três coisas: como a igreja é mais alta do que parece por fora; como a torre se encontra num plano bastante mais alto que o interior do templo; como a rosácea é importante para iluminar a igreja. Foto 1, Foto 360º

Olhando Santa Maria por fora, ela parece mais baixa do que é na realidade. Isto acontece porque quando os Templários construíram a igreja, “enterraram-na” no chão. O templo encontra-se cerca de 2 metros abaixo do nível do solo. Também daqui podemos observar como a torre protectora está num plano bem mais elevado que o interior da igreja, facilitando a sua defesa. Hoje, do exterior, perde-se um pouco esta visão, porque o terreno sofreu alterações ao longo dos séculos.

Como a igreja está voltada para poente, uma visita à tarde é a melhor altura para observar toda a luz que ela deixa entrar no templo. Foto 2, Foto 3

Existe uma lenda em Tomar que fala de um túnel, feito pelos Templários, e que ligaria a Charola à igreja de Santa Maria. Foto 4

Numa versão dessa lenda, o túnel acabaria no pequeno poço que ainda hoje se vê do lado esquerdo do templo. Noutra, diz-se que ia sair no interior da torre. Foto 5

A versão mais conhecida conta-nos que o túnel vinha terminar mesmo dentro da igreja. Como que a dar força à lenda, existe no chão do templo uma laje muito maior que as outras e alinhada de uma forma diferente. Diz-se que era ali que terminava o túnel. Foto 6

Esta ideia de um túnel é muito difícil de aceitar. Não só porque a mão-de-obra disponível estava ocupada com a construção do castelo, como também era muito difícil, com os meios da época, construir um túnel que pudesse passar por baixo dos terrenos pantanosos do rio. Para outros, debaixo desta laje de toneladas estaria uma cripta, ou seja, uma sala subterrânea onde cabe tudo o que a imaginação pode alcançar, começando pelo famoso tesouro dos Templários. Foto 7

Em Santa Maria o espaço sagrado do cemitério ocupava o adro e o próprio interior da igreja. Dentro do templo, grande parte do chão é composto por lápides de velhos túmulos, num período de tempo que vai do século XIV ao século XIX. Foto 8

O púlpito não é do tempo da igreja original. É de meados do século XVI quando o estilo gótico já tinha passado de moda e a renascença inspirava os novos gostos. Foto 9, Foto 10, Foto 11

Na parede norte encontra-se a terceira lápide de um Mestre Templário (D. Gualdim Pais e D. Lourenço Martins estão na segunda capela da parede sul). Foi Mestre no início do século XII, tendo morrido em 1212. Esta lápide encontra-se em muito mau estado. Foi posta a descoberto durante o grande restauro de 1940, quando foi encontrada dentro desta parede. Foto 12

No século XVI, a parede da igreja templária foi rompida para dar lugar à construção de 5 capelas e da sacristia. Estas divisões ocupam o espaço da grande varanda com alpendre que se vê, por fora, à esquerda do edifício. Foto 13, Foto 14

Quem dirigiu estas obras, sob as ordens do rei D. João III, foi Frei António de Lisboa e foi ele que mandou retirar da igreja todos os túmulos dos Mestres Templários que aqui se encontravam. Tal como o púlpito, também estas capelas foram decoradas ao estilo da época, a renascença.

Chegando à sacristia podemos saber a data em que estas obras foram feitas e acrescentado este novo corpo à igreja. 1543 foi a data desta construção, como se pode ler na verga superior da grande janela que ali está. Foto 15, Foto 16

É na segunda capela, vindo da entrada, que está a lápide funerária de D. Gualdim Pais, construtor do castelo e da primitiva igreja de Santa Maria, bem como o fundador da cidade (1160). Quando Frei António de Lisboa mandou retirar os túmulos dos Mestres Templários e da Ordem de Cristo, sobraram apenas 4 lápides que foram metidas nas paredes, uma delas a do próprio D. Gualdim. Foto 17, Foto 18

Nesta capela está também a lápide de D. Lourenço Martins, que foi o penúltimo Mestre dos Templários em Portugal e morreu em 1309. Foto 19

O altar ou capela-mor tem este nome por ser o maior ou principal. Tal como à tarde a luz do sol entra pela rosácea, durante a manhã é pelo altar-mor que entra luz em Santa Maria. O altar-mor é acrescentado ao corpo principal da igreja, e ao seu exterior dá-se o nome de ábside. Foto 20, Foto 21

Escondida pela grandeza do túmulo do século XVI que está sobre ela, uma lápide funerária passa quase despercebida. Pertence a D. Gil Martins, o primeiro Mestre da nova Ordem de Cristo e o único a ter aqui a sua lápide. Foto 22

Por cima desta lápide, o túmulo de D. Diogo Pinheiro, 1º Bispo do Funchal, chama todas as atenções. Foto 23

A primeira pergunta que nos lembra é: “Como é que veio parar a Tomar o túmulo do 1º Bispo do Funchal?”. A resposta é que ele nunca de cá chegou a sair. D. Diogo foi nomeado, por D. Manuel, Vigário de Santa Maria dos Olivais, em 1497. As grandes modificações que a igreja vai sofrer no século XVI começam logo no reinado deste monarca e foi D. Diogo quem as dirigiu. Mais tarde (1514), o rei nomeou-o 1º Bispo do Funchal, mas a verdade é D. Diogo Pinheiro nunca chegou a ir à ilha da Madeira e acabou por morrer em Tomar.

O seu túmulo é de estilo renascença e pensa-se que foi feito por um escultor dos mais afamados desse tempo, chamado João de Ruão. Na arca, com a data de 1525, repousam os restos mortais de D. Diogo. Repara que à volta dessa arca foi esculpida toda uma capela.

O brasão da sua família, os Pinheiro, era um leão a atacar um pinheiro. Está representado duas vezes no túmulo, na base e no triângulo do topo. Se reparares bem, há uma diferença entre os dois brasões, o do triângulo têm um chapéu por cima, que simbolizando o seu cargo de bispo. Foto 24

Quando visitares a igreja de Santa Maria, repara nas pequenas marcas que são visíveis em algumas pedras das paredes. Estes sinais são muito frequentes nos monumentos da Idade Média e eram uma forma do pedreiro marcar o seu trabalho. Cada qual tinha a sua marca. Na hora do pagamento contavam-se as pedras que cada um tinha trabalhado, distinguindo-as pelo sinal que o pedreiro lhes tinha marcado. Foto 25, Foto 26, Foto 27

Ao meio da capela-mor está uma linda imagem, do século XVI de Nossa Senhora do Leite. Foto 28, Foto 29

A imagem é assim chamada por representar Nossa Senhora a amamentar Jesus. A escultura está muito bem pintada, como podes ver se reparares na linda expressão que tem a cara de Nossa Senhora ou nos pormenores do seu vestuário. Foto 30, Foto 31

Na parede por cima do altar-mor está repetido o signo de Salomão que vimos á entrada, por cima do portal principal. Foto 32, Foto 33, Foto 34

Não te deixes enganar pelas aparências. Apesar de poder parecer da época em que a igreja foi construída, esta rosácea apenas aqui foi colocada quando se fez o grande restauro de 1940. Nesta altura foi retirada uma grande janela que tinha sido aberta nesta parede e, no seu lugar, colocada esta rosácea, certamente mais de acordo com o que seria a igreja original do século XIII. Foto 35, Foto 36

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