Tomar
 
 
O infante D. Henrique. Página de rosto da Crónica ...
 

Lançarote de Lagos foi o primeiro navegador a partir com seis caravelas, armadas à sua própria custa. Embora suportasse a despesa da viagem, teve que pedir licença ao infante D. Henrique e comprometer-se a entregar-lhe um quinto da carga que trouxesse. Esta expedição vai iniciar o comércio de escravos da costa africana, um dos mais lucrativos para os portugueses.

No regresso, com uma carga de 235 homens, mulheres e crianças, ancorou em Lagos, onde os habitantes assistiram, com pasmo e indignação, à primeira partilha de escravos. Como era necessário fazer cinco lotes iguais, separaram-se as mulheres dos maridos, arrancaram-se as crianças dos colos das mães, que choravam e gritavam em desespero.

O infante D. Henrique assistiu a tudo em cima de um cavalo, sem se deixar comover. Mas o povo reagiu, escandalizado! Uns afastaram-se chorando, com pena dos cativos. Outros tentaram impedir que se separassem as famílias, e armaram-se grandes zaragatas. Porém, a partilha acabou mesmo por se fazer. O Infante ficou com o seu lote de 47 pessoas e os outros foram vendidos com bom lucro.

O episódio que acabaste de ler passou-se em 1444 e foi descrito pelo cronista Gomes Eanes de Zurara, poucos anos mais tarde. Foto 1

Durante os séculos XVII e XVIII, os africanos vão ser levados, aos milhares, como escravos para trabalharem nas plantações de cana do açúcar, no Brasil. É por isso que este país é o único da América do Sul com uma percentagem elevada de população negra. Foto 2, Foto 3

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